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Helena Barcelona, o site de moda que em realidade vende roupa chinesa: "A blusa é um horror"

Esta página, que apela à "serena beleza" da Cidade Condal, envia prendas de má qualidade procedentes de Hong Kong e com fotografias idênticas às que aparecem em Amazon ou AliExpress

Juan Manuel Del Olmo

Frustrada frente a su ordenador

"No verão de 2010, na cidade de Barcelona, duas almas apasionadas pela moda e a arte, Helena e Marco, cruzaram-se por acaso. Unidos por seu amor a esta cidade do mediterráneo (sic), decidiram fundir seus sonhos e talentos para criar Helena Barcelona. Inspirando-se nas vibrantes cores e a serena beleza de Barcelona, lançaram uma loja que oferecia desenhos exclusivos que capturavam a esencia do lugar. Rapidamente, Helena Barcelona converteu-se num emblema de estilo e autenticidad".

Com esta palabrería tenta Helena Barcelona (helenabarcelona.com) camelar a potenciais clientes. Não se trata, no entanto, de uma loja que ofereça desenhos exclusivos, e a referência à autenticidad também resulta mais que discutível. Basta uma busca rápida com Google Lens para comprovar que algumas das prendas oferecidas nesta página se vendem em Amazon ou AliExpress bem mais baratas.

Anúncios em redes sociais

Entre outros artigos de moda, Helena Barcelona vende vestidos, camisas, jaquetas ou abrigos. Para estimular o interesse dos compradores, incluem claims como "Alta demanda" ou "Baixo estoque", além de uma apelação a Trustscore, um suposto indicador do nível de satisfação dos clientes. Dizem ter uma pontuação de 4,6 estrelas e mais de 18.500 reviews, mas é completamente falso: no foro de valorações Trustpilot, este site nem sequer aparece, não está registada.

Aspecto do site Helena Barcelona / CG

É igualmente falso que Helena Barcelona tenha sido referida por médios prestigiosos no âmbito da moda e as tendências como Elle, Vogue e Bazaar, como sugere a frase "quiçá nos tenha visto" acompanhada do logo destas cabeceiras.

Anúncio em redes sociais

"Saiu-me um anúncio deste site em Facebook ou Instagram, não estou segura. Confirmei em Google que a loja existia e vi comentários bons de supostos compradores", conta a este médio P. Jiménez. Convencida, decidiu comprar uma blusa pela que pagou 35 euros.

"Ao olhar no rastreamento vi que a prenda vinha desde Chinesa, apesar de que indicam que a loja está em Barcelona", conta. Inquieta, Jiménez tratou de contactar por e-mail à direcção que facilitam na página site, mas não obteve nenhuma resposta.

Uma mulher faz uma compra on-line / FREEPIK

"Nada que ver com as fotos do site"

Finalmente, o produto chegou a seu destino, mas foi uma decepção absoluta. "É um horror, não tem nada que ver com as fotos do site. A teia é totalmente transparente e horrível. Tanto faz que qualquer t-shirt das que vendem em Shein por 5 euros", assegura esta compradora, que pagou mais cinco vezes por dito produto.

"Para cúmulo não devolvem o dinheiro e ademais há que pagar as despesas de envio. Sento-me totalmente defraudada", recalca.

Carteira de plástico e prenda sem etiqueta

Em ocasiões, o packaging de um produto resulta revelador: seu desenho, cores, formas e materiais transmitem informação sobre a qualidade, o valor e a utilidade do produto. Não é o mesmo, assim, uma boa caixa de cartón que a simples carteira de plástico que lhe chegou a Jiménez. Ademais, a perguntas deste meio, a afectada confirma que a blusa não tem nenhuma etiqueta.

Uma mulher sustenta uma prenda / FREEPIK

Continuando com a questão da procedência, no Aviso Legal do site indica-se que a direcção do lugar é um edifício de Hong Kong: CTR 15-17 Hing Yip St Kuwon. Isto é, um enclave asiático situado a mais de 10.000 quilómetros da "serena beleza de Barcelona".

Similitudes com Anna Barcelona

Este site tem muitas similitudes com Anna Barcelona, um descomunal fraude do que este meio se fez eco e que suma mais de 1.400 reseñas em Trustpilot. Por desgraça, a página segue completamente operativa.

Por se fossem bastantees mentiras, Helena Barcelona também trata de jogar a carta da sustentabilidade. Afirmam que o 10% das vendas se destinam "à reforestación dos bosques em Espanha", mas não fazem referência explícita a nenhuma ONG ou entidade ecologista. Tão só incluem duas fotografias do suposto dantes e após um monte. Esta estratégia recorda à empregada por North Galiza, site denunciado por este medeio que já não se encontra operativa e que dizia defender ao urso pardo. Tempo depois, seus supostos promotores replicaram o engano no site Passo Galego.

Uma pessoa faz uma compra on-line / FREEPIK - jcomp

Como identificar sites fraudulentos

Todos estes nomes dão ideia do fácil que resulta criar sites fraudulentos. Por isso, convém ter muito presentes os conselhos do Instituto Nacional de Ciberseguridad para identificar lojas on-line fraudulentas. Segundo recorda esta entidade, há que suspeitar se o lugar:

  • Não facilita informação da empresa como direcção, CIF/NIF, etc. Se tens que reclamar a alguém, deves saber a quem te dirigir.
  • Oferecem produtos ou serviços a preços extremamente baixos, afastados dos preços reais que se manejam no mercado ou todos os artigos se vendem ao mesmo preço.
  • Um produto aparece com um preço inicial muito inflado sobre o que posteriormente se aplica um desconto muito alto.
  • Não conta com um certificado digital já que não garante nenhum tipo de segurança à hora de introduzir dados pessoais ou cartão de crédito.
  • Os "textos legais" (Termos e condições, Política de privacidade, etc.), ou não se facilitam ou estão mau redigidos.
  • Oferece várias formas de pagamento e realmente só aceitam cartão de crédito. Existem lojas que na capa oferecem vários meios de pagamento, mas à hora de paga, somente permite o cartão de crédito.
  • Não há comentários em nenhum foro nem referências em nenhum outro lugar na Rede. Ainda que não é determinante, é aconselhável consultar Internet e perguntar pela loja a fim do ter em conta em caso de encontrar possíveis queixas ou comentários negativos.