O SMI já não está livre de impostos: Fazenda fá-lo-á tributar pela primeira vez em 2025

Esta decisão tem desatado um choque frontal entre o ministério de María Jesús Montero e o de Yolanda Díaz

María Jesús Montero (Hacienda) y Yolanda Díaz (Trabajo)   Fernando Sánchez   EP
María Jesús Montero (Hacienda) y Yolanda Díaz (Trabajo) Fernando Sánchez EP

Pela primeira vez na história, o salário mínimo interprofesional (SMI) estará sujeito ao Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas (IRPF). O Conselho de Ministros tem aprovado um incremento de 4,4% no SMI, situando-o em 1.184 euros brutos ao mês em 14 pagas para o ano 2025, o que eleva a cifra anual a 16.576 euros.

Esta decisão tem gerado um confronto entre os ministérios de Fazenda e Trabalho.

Fazenda considera que se deve tributar

Até a data, o Ministério de Fazenda, encabeçado por María Jesús Montero, tinha eximido ao SMI do pagamento do IRPF. No entanto, com a nova subida, a carteira fiscal considera que deve tributar. Não obstante, segundo fontes do ministério, a maioria dos trabalhadores que percebem este salário não sofrerão retenções significativas.

Una oficina de la Agencia Tributaria / EUROPA PRESS - MARTA FERNANDEZ
Um escritório da Agência Tributária / EUROPA PRESS - MARTA FERNANDEZ

Fazenda argumenta que a minoria afectada pagará uma quantidade inferior à que abonaban com o sistema tributário vigente durante o mandato do Partido Popular.

Falta de concenso

A medida tem gerado uma rápida reacção em Somar, que tem criticado a falta de consenso na decisão. A formação tem apresentado uma proposição de lei no Congresso para garantir que o SMI continue isento de IRPF. Somar sustenta que Fazenda dispõe de mecanismos para evitar que os trabalhadores com menores rendimentos enfrentem uma maior pressão fiscal e defende um sistema tributário progressivo.

Curiosamente, o Partido Popular também tem manifestado sua oposição à medida, pedindo uma revisão do mínimo isento da renda para evitar que a subida do SMI se traduza numa maior arrecadação para o Governo.

Falta de comunicação no Executivo

Por sua vez, a ministra de Trabalho, Yolanda Díaz, tem questionado a falta de comunicação dentro do Executivo e tem reiterado sua postura em prol de a isenção fiscal do SMI. "Há que fazer pedagogia fiscal, mas a justiça fiscal começa por acima, não por abaixo", tem declarado Díaz, mostrando seu descontentamento com a decisão do Ministério de Fazenda.

Ademais, tem assegurado que a medida não se debateu no Conselho de Ministros e que se inteirou da decisão através dos meios de comunicação.

Resposta do Governo

Em resposta, a porta-voz do Governo, Pilar Alegria, tem defendido a medida e tem sublinhado que la arrecadação permitirá melhorar os serviços públicos. Num gesto curioso, durante uma comparecencia, Alegria susurró a Díaz que sua versão dos factos "não é assim", insinuando que sim teve comunicação sobre a decisão no seio do Governo.

A controvérsia está servida e a batalha política em torno do IRPF do SMI promete intensificar-se nas próximas semanas.