A Lista Robinson, segundo um ciberexperto: "A realidade é que estás completamente indefeso"
Diego León, diretor executivo de Flameera, desentraña a verdade por trás deste mecanismo de protecção que, no entanto, deixa ao utente desprotegido

Os telefonemas não desejados, essas que interrompem com ofertas de serviços que nunca se precisam, se converteram numa praga moderna. A Lista Robinson, pensada para pôr travão a esta invasão de spam telefónico, tem sido a ferramenta que muitos têm crido achar sua salvação. Mas, realmente cumpre seu cometido? Ou é uma mera ilusão que nos contribui uma falsa sensação de controle sobre nossas vidas digitais?
Para desentrañar a verdade por trás deste mecanismo de protecção, Consumidor Global fala com o experiente em ciberseguridad Diego León, diretor executivo e fundador de Flameera, quem, com uma análise direta e perspicaz, desmonta os mitos em torno da lista.
Pára que serve a Lista Robinson se não freia o spam?
A Lista Robinson promete ser a barreira definitiva contra o assédio comercial telefónico. No entanto, segundo León, sua efectividade deixa muito que desejar. "Na teoria sim, mas na prática não serve para muito…", sentença, com um tom claro e sem rodeos. Em sua opinião, ainda que algumas empresas cumprem com o regulamento para evitar contactar a pessoas inscritas na lista, existem factores que limitam sua eficácia.

"Vivemos num mundo globalizado onde nossa informação está em mãos de muitíssimas pessoas, e muitas destas empresas estão em outros países onde não estão obrigadas a cumprir com as mesmas regulações", explica o experiente. Neste contexto, a protecção que oferece a Lista Robinson resulta insuficiente, pois as empresas que operam fora do âmbito legal espanhol podem continuar enviando comunicações não desejadas, burlando o sistema de protecção local.
"Eu mesmo o comprovei"
"Inclusive quando se trata de empresas formais, se um atacante tem tua informação, enviar-te-á spam ou tentará algum tipo de revisão, sem importar se estás numa lista para receber menos vos corram não desejados", destaca Leão a este meio.
"Eu mesmo o comprovei. Estou registado na Lista e, ainda assim, sigo recebendo mensagens não desejadas. Ainda que algumas empresas cumprem com a legislação, o utente costuma ficar indefeso", insiste o experiente em ciberseguridad.
Opções limitadas para reclamar
Se uma empresa decide não respeitar o regulamento e contactar com um utente inscrito na Lista Robinson, como pode reclamar o afectado? Segundo o CEO de Flameera, as opções legais são limitadas e, em muitos casos, ineficaces. "Siuna empresa de México não cumpre com o regulamento, ainda que ponhas uma queixa ou uma reclamação, o mais provável é que ninguém inicie um procedimento", assinala.
Neste sentido, León sublinha a impotencia dos utentes ante a falta de medidas eficazes, deixando claro que a resposta das autoridades e organismos encarregados de supervisionar estas práticas é, na maioria dos casos, nula. "A realidade é que muitas pessoas simplesmente se enfadam com o telefonema e passam página", destaca sobre a frustración generalizada.
Existem alternativas mais eficazes que a Lista Robinson?
Se a Pronta Robinson não é suficiente, que alternativas existem para proteger do spam telefónico? "A Lista Robinson é a principal referência neste tema; poderíamos dizer que é a lista oficial para evitar comunicações comerciais não desejadas", admite León.
Não obstante, alguns dispositivos móveis, como os Android, tentam identificar telefonemas "potencialmente maliciosas" e alertar ao utente dantes de que decida atender o telefonema. Ademais, há aplicativos desenhados para filtrar telefonemas comerciais não desejadas, baseadas nos reportes de outros utentes que têm sido vítimas de números suspeitos.
As alternativas também não são infalibles
No entanto, León adverte que estas alternativas também não são infalibles. Ainda que alguns aplicativos cumprem sua função, outras podem resultar perigosas. "Algumas destes aplicativos são legítimos e cumprem sua função, mas como sempre, os atacantes vão um passo por diante", explica. Em ocasiões, o que parece ser um aplicativo de protecção contra o spam se converte numa ferramenta para recopilar dados pessoais, como a agenda de contactos do utente, que depois são vendidos ou utilizados para propagar mais spam.

Assim, ainda que os aplicativos parecem ser uma solução útil, sua confiabilidade depende da qualidade do software e a honestidade dos desenvolvedores. Não todos os aplicativos que prometem proteger do spam são o que aparentan.
Assim conseguem as empresas teu número de telefone
Uma das inquietudes mais comuns é como as empresas conseguem obter nosso número de telefone se nunca lho temos proporcionado. Segundo o CEO de Flameera, esta informação recopila-se de diversas maneiras, muitas vezes sem que o utente seja plenamente consciente disso.
"Cadastramos-nos num serviço, aceitamos condições sem ler, damos-lhe a qualquer botão. E muitas vezes estamos a permitir que compartilhem nossos dados com terceiras empresas". Através da aceitação tácita de termos e condições, muitas pessoas terminam outorgando permissão às empresas para que utilizem seus dados com fins comerciais. Os bancos, por exemplo, costumam incluir em seus formulários opções que permitem compartilhar dados com outras companhias, e os utentes, com frequência sem o pensar, aceitam.
Com ou sem consentimento, seguem-te chamando
No entanto, inclusive sem dar este consentimento explícito, existem outros factores que comprometem a segurança de nossos dados.
"Também estão os ciberataques, a cada semana lhe roubam dados a alguma empresa e isso acaba em internet. Há empresas no lado cinza que conseguem esses dados e os usam para te mandar spam ou fazer phishing. E ao final, quem reclama? Um 0,001%. Ainda que estejas na Lista Robinson, se deste consentimento sem sabê-lo ou sacaram teu número por outro lado, seguem-te chamando", sentencia o CEO de Flameera.
"Estás completamente indefeso"
Apesar de que a lei estabelece que, se estamos inscritos na Lista Robinson, não deveríamos receber telefonemas comerciais não desejadas, as opções para fazer valer este direito não são singelas. "Se estás na Lista Robinson, em teoria não deverias receber comunicações comerciais não autorizadas. De facto, a lei de protecção de dados exige que as empresas tenham uma aceitação formal do utente para este tipo de acções", realça o experiente.
Mas a realidade é diferente. Segundo León, ainda que a lei contempla a possibilidade de apresentar uma queixa ante a Agência de Protecção de Dados ou os escritórios do consumidor, "a realidade é que estás completamente indefeso. Iniciar um procedimento formal que realmente chegue a algum lugar é muito difícil". A falta de mecanismos eficazes de rastreamento e a escassa vontade das autoridades para fazer cumprir os regulamentos deixam aos utentes desprotegidos, especialmente quando as empresas infractoras operam fora de Espanha.
"Não há forma real do frear"
A Lista Robinson, ainda que bem intencionada, tem resultado ser uma ferramenta insuficiente em frente à crescente invasão de spam telefónico. As alternativas tecnológicas são limitadas e, em muitos casos, inseguras. A realidade é que os utentes seguem sendo vulneráveis, seus dados seguem sendo explodidos e, ainda que existam leis para os proteger, o aplicativo destas leis é, em muitos casos, um espejismo.

Como diz León, "sobre o papel sim, mas na realidade, isto segue passando porque não há forma real do frear. É indiscriminado e constante". Desta maneira, a lista de soluções disponíveis é ainda curta, e o problema do spam telefónico segue sendo uma batalha perdida para muitos.