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Orange "acossa" a um consumidor que já se tinha descadastrado por uma dívida falsa

A empresa de telecomunicações admitiu, após que o cliente apresentasse uma reclamação à Secretaria de Estado de Telecomunicações e Infra-estruturas Digitais, que este tinha razão

Juan Manuel Del Olmo

Un usuario frustrado con Orange

Os métodos aos que recorrem as grandes empresas para reclamar dívidas podem chegar a ser hostis e desproporcionados. Consumidor Global fez-se eco de reclamações por impagos que não sempre estão contrastados, já que as companhias esticam o chicle ao máximo e jogam numa zona de sombra. Assim, faz uns meses, este meio publicou como Orange tinha cobrado 38 euros por uma linha fantasma um mês e meio após que o utente descadastrasse todos os serviços. Agora, a entidade volta às andadas.

Durante quatro meses, a operadora de telecomunicações reclamou a um consumidor uma dívida que ele não tinha contraído. Fazer, ademais, bordeando a legalidade em algumas ocasiões.

Pagamento pendente de 12 euros

C. Ferran recebeu o passado 6 de setembro um correio no que o departamento de cobranças de Orange lhe dizia que tinha pendente um pagamento de 12 euros. Nesse momento ele já se tinha descadastrado. "Tinham-me chamado previamente, mas eu não tinha apanhado esses telefonemas porque tenho activado o controle anti spam", explica a este meio.

Um homem olha seu móvel / FREEPIK

Estes 12 euros correspondiam à facturação mensal por "assinaturas a Disney+ e Amazon Prime Video, apesar de que já não os tinha contratados", conta a este meio. O tom era mais amenazante que amigable: "Chegue a um acordo ventajoso e fique ao corrente chamando ao xxx. Evite o início de acções legais", espetaban a este consumidor cumplidor.

Dois dias para formalizar a baixa

A raiz do problema, explica Ferran, está em que Orange não foi o suficientemente diligente à hora de tramitar a baixa: a lei marca que deve fazer num prazo de dois dias e eles se demoraram quase 15. A legislação é muito clara ao respeito: "O operador está obrigado a dar baixa ao utente num prazo de dois dias desde que este lho tenha comunicado. Portanto só poderá facturar até esse momento", expõem.

Não obstante, dado que costuma ter líos, o Escritório de Atenção ao Utente de Telecomunicações (dependente do Ministério para a Transformação Digital e a Função Pública) aconselha aos utentes que se descadastrem por telefone que exijam ao operador dois tipos de documentos:

  • Que nesse mesmo momento, se lhe proporcione o número de referência de sua baixa. O operador está obrigado a facilitá-lo.
  • Que o operador lhe envie, por correio postal ou eletrónico, um documento que acredite a gestão que acaba de realizar.
Um escritório de Orange / EUROPA PRESS

As cobranças passam a ser de 24 euros

Ferran fazer, apesar de que chegou a falar com uma trabalhadora do departamento de cobranças da empresa que chegou a sugerir por telefone que este prazo de dois dias lhes dava igual. Longe de cessar, semanas depois, estas cobranças que Orange realizava fora de prazo engordaron sem nenhuma justificativa.

"Passaram a cobrar 24 euros, depois quase 30… Tudo sem justificativa. E então já me cansei de lhes chamar, porque eu chamava para tentar lhes explicar que tinha uma reclamação interna à empresa, e decidi devolver os recibos", narra este consumidor.

'Perseguição' por parte de Orange

Chegaram inclusive, relata, a chamar a uns números de telefone que estão a nome de familiares seus. Pode parecer delirante, mas este meio publicou faz três anos como Orange chegou a chamar à filha de um vizinho da praia de um consumidor em sua perseguição por um router.

Uma mulher fala por telefone / FREEPIK - pch.vector

Em vistas de que o assunto não se solucionava, Ferran decidiu apresentar uma reclamação ante a Secretaria de Estado de Telecomunicações e Infra-estruturas Digitais. E, depois da resolução da mesma, Orange viu-se obrigado a recuar. "Enviaram uma carta certificada na que reconheceram os factos, mas nem me pediram desculpas nem nada. Também não anexaram-me os recibos bancários. Estiveram a acossar-me com telefonemas e mensagens durante quatro meses. Tem sido um autêntico calvario porque eles fizeram mau seu trabalho", conclui.

Um serviço que "ficou ativo"

Neste documento, Orange assume que Ferran se descadastrou dantes de que se efectuassem as cobranças. "Depois da baixa dos serviços o 17/07/2025, emitiram-se as facturas do 27/08/2025, 27/09/2025 e 27/10/2025, de 12,00 euros (impostos incluídos) a cada uma, pelo serviço de Disney+, Prime que ficou ativo, mas se realizaram já os seguintes ajustes ao respeito".

Isto é, que admite que teve uma baixa, mas sem aclarar por que reconhece que seguiu rascando. Este meio tem perguntado a Orange por este caso, mas, ao termo desta reportagem, não tem obtido resposta.