A revolução do "aguacate perfeito": os supermercados incorporam escáneres de maturidade

A máquina indica se está pronto para consumir, se ainda precisa um ou dois dias, ou se tem superado seu ponto óptimo

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Durante anos, escolher um aguacate no supermercado tem sido quase um pequeno acto de fé. Os consumidores recorriam a técnicas improvisadas —apertar ligeiramente a pele, avaliar a cor, inclusive agitá-lo para "escutar" o osso— para tratar de adivinhar se a fruta estava lista para comer.

No entanto, esta cena quotidiana está a começar a transformar-se graças a uma nova tecnologia que começa a se estender por Europa. Trata-se dos escáneres de maturidade de aguacates, dispositivos capazes de determinar o estado interno da fruta sem danificá-la e com uma margem de acerto difícil de atingir pelo olho humano.

Como funciona?

Estes aparelhos, baseados em sistemas de luz infravermelha e algoritmos de predição, funcionam de forma singela: o cliente coloca o aguacate sobre o sensor e, em matéria de segundos, a máquina indica se está pronto para consumir, se ainda precisa um ou dois dias, ou se tem superado seu ponto óptimo.

El aguacate es un ejemplo de grasas buenas que puedes implementar en tu dieta / PEXELS
Imagem de arquivo de um aguacate partido ao meio / PEXELS

Esta avaliação, que evita qualquer manipulação desnecessária, permite aos consumidores escolher sua fruta com precisão quase quirúrgica e aos supermercados reduzir as perdas derivadas da deterioração provocada por centos de mãos avaliando a dureza das peças.

Implementação em Europa

Ainda que sua presença ainda é limitada, a tecnologia avança com rapidez em Europa. Em Reino Unido, Tesco converteu-se numa das correntes pioneiras ao introduzir estes escáneres em várias lojas como parte de um projecto piloto acompanhado por estudos sobre desperdicio alimentar. Em Noruega, plataformas de distribuição como Bama têm iniciado provas similares da mão de provedores especializados em fruta de quarta faixa, com resultados prometedores tanto em precisão como em redução de mermas. Em Dinamarca, a corrente Bilka tem integrado estes escáneres em suas zonas de frutería, onde já fazem parte natural do percurso de compra.

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Países Baixos e Alemanha começam a explorar também aplicativos baseados em inteligência artificial capazes de analisar não só a maturidade, sina também a textura interior ou o estado de frescura mediante padrões de luz.

Chegada a Espanha

Espanha incorpora-se agora a esta corrente tecnológica. O primeiro supermercado em introduzir oficialmente um escáner de maturidade no país tem sido HiperDino, em Canárias, com uma instalação que já acorda a curiosidade dos clientes e que situa ao mercado espanhol na mesma direcção que outros países europeus.

Ainda que ainda se trata de uma implantação incipiente, experientes em distribuição assinalam que estas tecnologias poderiam se converter em regular em poucos anos, especialmente se demonstram que reduzem de forma significativa o desperdicio e melhoram a experiência de compra.

Adaptação a outras frutas

O potencial destes escáneres vai para além do aguacate. Segundo desenvolvedores e operadores que já trabalham com estes sistemas, a tecnologia poderia adaptar a outras frutas sensíveis à manipulação —cabos, papayas, melocotones ou kiwis—, permitindo as classificar com precisão e oferecendo ao consumidor informação clara e fiável.

Para os supermercados, ademais, supõe uma ferramenta estratégica: ao conhecer a maturidade real da cada lote, podem organizar melhor a distribuição interna, ajustar os preços dinamicamente e planificar promoções para evitar perdas.

Meio mais higiênico

Em longo prazo, a implantação estendida destas ferramentas poderia alterar inclusive o comportamento de compra. Em lugar de procurar por tacto, o cliente irá directamente à máquina, seleccionará o nível de maturidade que precisa e elegerá sua peça sem manipular o resto. Isto não só melhora a qualidade do produto, sina que contribui a um meio mais higiênico e a uma redução do desperdicio alimentar, um dos grandes desafios atuais do sector.

A chegada do escáner de aguacates representa, em definitiva, um exemplo claro de como a tecnologia está a reformular gestos tão singelos —e tão arraigados— como eleger uma fruta no supermercado. O que dantes dependia de intuición e sorte está a começar a se resolver com dados precisos. E tudo aponta a que, em poucos anos, os escáneres deixarão de ser uma curiosidade para converter num elemento habitual na frutería de qualquer grande cidade européia.