Shein vende roupa com substâncias químicas que alteram o sistema hormonal, segundo Greenpeace

Um demoledor relatório da ONG revela a presença de PFAS, que podem provocar danos hepáticos ou contribuir ao desenvolvimento do cancro, em algumas prendas de roupa da empresa asiática

Sin títuadsadao 2
Sin títuadsadao 2

Shein recebe críticas frequentes de autoridades e organismos de todo mundo. Faz uns meses, um conjunto de organizações de consumidores europeus denunciou à companhia asiática por usar técnicas de manipulação (como falsos descontos ou contadores de tempo) para instigar aos clientes a comprar de forma compulsiva, o que poderia infringir a legislação da UE. Não obstante, apesar do gotejo de reproches, boa parte da população parece ignorar as más práticas da empresa chinesa: segundo os cálculos de Bloomberg, Shein poderia duplicar seu benefício neto com respeito a 2024.

Agora, Greenpeace põe o foco na saúde num novo e demoledor relatório. A organização tem analisado várias prendas de roupa adquiridas em sua loja on-line e numa pop-up store. Os resultados são alarmantes: as análises mostram que, do total das 56 prendas e sapatos analisados, 18 (o 32%) continham substâncias químicas perigosas.

Prenda-las de Shein podem alterar o sistema hormonal

Estes componentes superam os limites estabelecidos de contaminantes permitidos pelo Regulamento Europeu de Substâncias Químicas (REACH). Assim, Shein, "a máxima expressão da moda ultra rápida", comercializa prendas com substâncias capazes de alterar o sistema hormonal.

Una tienda efímera de Shein en Madrid / EUROPA PRESS - ALEJANDRO MARTINEZ
Uma loja efémera de Shein em Madri / EUROPA PRESS - ALEJANDRO MARTINEZ

É o caso dos perfluoroalquiladas e polifluoroalquiladas (PFAS) que se empregam para fabricar jaquetas impermeables e antimanchas. "É provável que as trabalhadoras dos países onde se produz a roupa estejam expostas a estas substâncias sem nenhum tipo de protecção, ademais, as substâncias químicas se vertem em cauces e solos, afectando às populações rio abaixo", denúncia Greenpeace.

Roupa contaminada

O risco também existe para as pessoas que usam esta roupa, "já seja por contacto com a pele (por exemplo, ao suar), inalação de fibras têxteis no ar ou, no caso de bebés, meninas e meninos pequenos, por se levar roupa contaminada à boca".

Tal e como recorda Greenpeace, os PFAS podem acumular no corpo humano, e a ciência o está a estudar por sua relação com o desenvolvimento de diferentes tipos de cancro. "Podem afectar à fertilidad e ao desenvolvimento infantil, debilitar o sistema inmunitario e alterar o funcionamento do hígado e os riñones. A exposição às PFAS também pode aumentar o risco de sofrer transtornos tiroideos e metabólicos", alertam.

Vista de la web de Shein / CG
Vista do site de Shein / CG

Risco dos PFAS

Os PFAS são em realidade um grupo a mais de 9.000 agentes químicos sintéticos. Não só estão presentes na roupa, sina também em embalagens de alimentos, produtos de maquillaje ou utensílios de cozinha antiadherentes.

A própria Agência Européia de Medioambiente (EEA) reconhece que podem provocar problemas de saúde como danos hepáticos, doença tiroidea, obesidad, problemas de fertilidad e cancro. Com tudo, os impactos que mais documentados estão cientificamente são as mudanças nos níveis de colesterol e das hormonas tiroideas, a exclusão do sistema inmunitario e a toxicidad hepática e renal.

Destruição do meio ambiente e exploração

Quanto aos preços baixos, a principal ferramenta de Shein para captar consumidores, Greenpeace denuncia que a companhia os sustenta de maneira artificial, já que "os custos reais se pagam mediante a destruição do meio ambiente e a exploração humana".

 

"Shein elude sistematicamente o controle da UE, aproveita os vazios alfandegários e viola as normas meio ambientais e de protecção do consumidor, apesar das numerosas multas multimillonarias", agregam. Neste sentido, Greenpeace considera que Shein parece se aproveitar deliberadamente do vazio na legislação da UE em matéria de substâncias químicas.

Petições de Greepeace

Uma vez exposta a existência destas preocupantes substâncias na roupa de Shein, Greenpeace pede:

  • Aplicar a legislação da UE sobre substâncias químicas a todos os produtos vendidos na UE, incluídos os oferecidos em plataformas digitais.
  • Responsabilizar legalmente às plataformas por qualquer incumprimento em virtude da legislação da UE.
  • Facultar às autoridades para cancelar as plataformas em caso de infracções recorrentes