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A subida de preços afoga aos lares espanhóis

Um relatório de Funcas reflete que o 90% dos consumidores percebe que está a perder poder adquisitivo

Una consumidora hace la compra en un supermercado
Una consumidora hace la compra en un supermercado

Os bons dados macroeconómicos que levaram ao presidente do Governo, Pedro Sánchez, a afirmar em maio de 2024 que a economia espanhola ia "como um foguete" não permean na realidade quotidiana dos consumidores. De facto, o 55% dos espanhóis considera que a economia está em pior situação que dantes da pandemia, enquanto um 25% acha que a situação é similar e só um 20% opina que tem melhorado.

Assim se desprende de uma encuesta realizada em maio por Funcas, que proporciona nova informação sobre como percebe a cidadania a situação económica geral e a de seus lares.

A situação económica percebe-se como pior

Dentro da valoração mais negativa sobre a situação da economia espanhola, a análise revela que um 24% dos interrogados a qualifica como "muito pior" e um 31% como "algo pior".

Una mujer sale de un supermercado con un carro de la compra
Uma mulher sai de um supermercado com uma carroça de compra-a - EUROPA PRESS / ALBERTO ORTEGA

Desde Funcas apontam que apesar do crescimento do PIB e do emprego, a opinião pública "não acaba de perceber esta melhora de forma generalizada", e observam "um amplo consenso" sobre a deterioração do poder adquisitivo, a subida do custo da vida e o incerto futuro dos jovens.

Subidas de preço

Neste sentido, nos últimos quatro anos, os alimentos acumulam um encarecimiento próximo ao 33%, e no mesmo período tanto a moradia como os carros (o custo dos automóveis novos tem subido quase um 40% desde 2019) têm mantido alças até cotas prohibitivas para muitos. De facto, o aumento dos preços é a razão mais mencionada do empeoramiento da situação económica do lar (85%), seguida pela subida de impostos (42%). Um 12% fala, assim mesmo, de redução de salários.

Quanto à percepção da evolução da situação económica do lar desde dantes da pandemia, a percentagem de quem percebem-na como pior (34%) é inferior ao que opina o mesmo da economia nacional (55%). Ademais, o 66% pensa que sua situação é similar (44%) ou melhor (22%) que a que tinham em 2019.

Una persona realiza unos cálculos
Uma pessoa realiza uns cálculos

Distribuição por idades

Quase quatro em cada dez entrevistados entre os 35 e os 54 anos acham que sua situação económica tem piorado, mais que entre os jovens (34%), os próximos à idade de aposentação (32%) e, sobretudo, os de 65 anos e mais (27%).

Por outro lado, quatro em cada dez entrevistados admitem dificuldades para chegar a fim de mês, mas seis em cada dez asseguram que chegam com facilidade "em diferentes graus".

Poder adquisitivo

Assim mesmo, o estudo evidência que a percepção do comportamento dos salários em Espanha em "claramente negativa", já que só um 2% dos interrogados acha que estão a subir acima do custo de vida e um 8% acha que o fazem ao mesmo nível.

Por contra, o 90% das pessoas sondeadas no estudo sustenta que estão a perder poder adquisitivo. Deles, o 61% pensa que os salários sobem por embaixo do custo da vida; o 21%, que não sobem, e portanto valem menos; e o 8% restante considera que estão a diminuir. Funcas remarca que o consenso nesta opinião é tão amplo que mal apresenta diferenças segundo a autoubicación ideológica.