A OCU também cobra comissões por captar clientes para os cursos de inglês Vaughan
A organização estaria a incorrer em publicidade comercial encoberta, algo proibido pela legislação vigente para as associações de consumidores

Facua tem apresentado uma nova denúncia ante o Ministério de Direitos Sociais, Consumo e Agenda 2030 contra a Organização de Consumidores e Utentes (OCU) e sua empresa instrumental, OCU Edições SA. A acusação centra-se na promoção dos cursos de inglês Vaughan, pelos que a organização recebe comissões económicas.
Segundo a associação, a OCU estaria a incorrer em publicidade comercial encoberta, algo proibido pela legislação vigente para as associações de consumidores. Concretamente, o artigo 27 do Real Decreto Legislativo 1/2007 estabelece que estas organizações não podem realizar comunicações comerciais de bens e serviços, salvo que sejam meramente informativas.
Um objectivo comercial
A denúncia revela que OCU Edições SA –sociedade da que a OCU só possui o 25% e cujo capital restante está em mãos da organização belga Teste Achats– assinou um acordo o 24 de maio de 2024 com Vaughan Systems SLU. Em virtude deste contrato, a entidade recebe uma comissão de 10% do custo de cinco dos cursos que publicita em seu site, sob a campanha "Rompe teus limites, aprende idiomas com OCU e Vaughan".

O conteúdo promocional difunde-se através da página site da organização, com descontos que atingem até o 20% em alguns cursos. Facua sustenta que este tipo de promoções não se limita a informar, sina que tem um claro objectivo comercial: captar clientes a mudança de uma retribuição económica, o que vulnera o regulamento vigente.
Uma complexa malha empresarial
Ademais, Facua adverte que OCU Edições SA faz parte de uma complexa malha empresarial com vínculos internacionais, incluindo sociedades com sede em países de baixa fiscalidad como Países Baixos e Luxemburgo.
À frente da empresa encontra-se António Balhanas, um exdirectivo da tabacalera Japan Tobacco International e antigo executivo de multinacionais como Hasbro, Samsung ou Whirlpool.
Não é a primeira denúncia
Cabe recordar que a associação já tem denunciado previamente à OCU desde 2022 por práticas similares, sem que até a data o Ministério de Consumo –nem durante a gestão de Alberto Garzón nem na atual de Pablo Bustinduy– tenha respondido formalmente a estas reclamações.
Desde Facua fazem questão de que estas práticas comprometem a independência e a credibilidade que devem manter as associações de consumidores e reclama uma intervenção urgente por parte do Governo para garantir o cumprimento da lei.