A alerta da OCU: empréstimos para compra-a de carros com cláusulas e interesses abusivos
Muitos consumidores estão a aceder ao financiamento directamente através dos concesionarios sem comparar previamente com outras alternativas

A recente reactivação do Plano Moves, que contempla ajudas de até 7.000 euros para a compra de veículos com etiqueta Eco ou Zero emissões, tem impulsionado notavelmente as vendas de carros em Espanha. No entanto, este repunte vem acompanhado de uma advertência por parte da Organização de Consumidores e Utentes (OCU), que tem lançado uma alerta sobre os riscos dos empréstimos oferecidos pelos concesionarios.
Segundo a OCU, muitos consumidores estão a aceder ao financiamento directamente através dos concesionarios sem comparar previamente com outras alternativas, o que pode supor um grave prejuízo económico. Algumas destas entidades estão a aplicar TAE de até o 15%, o que se traduz num sobrecoste significativo em frente aos empréstimos pessoais de bancos, cujos interesses costumam rondar o 5%.
Diferenças que podem custar milhares de euros
A organização ilustra esta diferença com um exemplo: um empréstimo de 20.000 euros a devolver em cinco anos com uma TAE de 15% geraria um custo adicional a mais de 4.000 euros em comparação com um que ofereça uma TAE de 5%. Entidades como BBVA, Ibercaja ou Kutxabank estão actualmente oferecendo produtos financeiros bem mais competitivos para a compra de veículos sustentáveis.
Entre as melhores ofertas do mercado encontram-se:
- BBVA: Empréstimo carro on-line com uma TAE de 4,91% para veículos com etiqueta Eco ou Zero. Sem comissão de abertura se domicilia-se a nómina.
- Ibercaja: Empréstimo Vamos com uma TAE de 5,01%, condicionado à contratação da Conta Vamos e o cumprimento de certos requisitos de uso.
- Kutxabank: Empréstimo verde com uma TAE de 5,25% para veículos sustentáveis, também vinculado à domiciliación de rendimentos.
Cláusulas abusivas baixo a lupa
Para além dos elevados interesses, a OCU denuncia a existência de cláusulas abusivas em alguns contratos de financiamento de concesionarios.

Estas incluem a imposição de seguros, comissões de abertura excessivas, execuções antecipadas por um sozinho impago, e condições pouco claras redigidas em letra ilegible. Ademais, adverte sobre pactos contratuais que beneficiam unicamente ao vendedor e podem pôr em desvantagem ao comprador.
Exigência de regulação
Ante esta situação, a OCU tem posto em marcha uma campanha para que os consumidores possam reclamar pagamentos indevidos ou renegociar condições injustas. Assim mesmo, a organização solicita ao Ministério de Consumo que, com a transposición da Diretora 2023/2225 no próximo mês de novembro, se inclua uma regulação específica para os empréstimos destinados à compra de veículos.
A OCU pede que se garanta a transparência, se limitem as taxas de juro aplicáveis e se imponham sanciones instâncias às empresas que incorram em abusos. "Comprar um carro não deveria converter numa armadilha financeira", afirmam desde a organização, instando aos consumidores a se informar dantes de assinar qualquer contrato de financiamento.