Wizz Air concede e nega a indemnização a duas passageiras do mesmo voo
Quatro passageiras sofreram um atraso no voo e, após apresentarem uma reclamação, a companhia aérea reconhece o direito à compensação apenas de uma delas, recusa-o a outra e não responde às outras duas.

Uma passageira de Wizz Air está à espera desde fevereiro o pagamento de uma indemnização que a aompanhia aérea reconhece como legítima. O voo em questão, com saída de Bari (Itália) e destino Tirana (Albânia), descolou com mais de quatro horas de atraso. Mas a companhia não deu explicações claras nem cumpriu com suas obrigações económicas.
O caso não é isolado. Mais três amigas viajavam com ela no mesmo avião e também apresentaram reclamações, segundo relatam à Consumidor Global. Wizz Air ignorou a dois delas e negou a compensação a outra. Uma resposta incoerente que nem as afectadas nem ninguém entende.
Voo atrasado por "razões técnicas"
A 3 agosto de 2024, este grupo de quatro amigas partiu de Málaga para chegar a Tirana (Albânia). Fizeram escala em Bari e ali foi onde começou o calvário. O voo operado por Wizz Air sofreu um atraso de quatro horas.
«Disseram-nos que o atraso se devia a “razões técnicas”», comenta uma delas. «Primeiro, atrasaram-nos uma hora, mas depois acabámos por descolar de madrugada, depois das três da manhã», detalha outra delas.
A reclamação, ignorada ou recusada
As quatro passageiras apresentaram uma reclamação formal. No entanto, o resultado foi desigual. A Wizz Air ignorou duas delas. Recusou a compensação a uma terceira, argumentando que «razões técnicas» são consideradas causas extraordinárias. E só reconheceu o direito à indemnização a uma quarta, a quem prometeu 250 euros que ainda não recebeu.
As “razões técnicas” são um termo genérico para as companhias aéreas. Não especificam mais pormenores e podem utilizá-las para tudo. Qualquer coisa que signifique pagar torna-se uma razão técnica, causa extraordinária ou força maior e isenta-as da responsabilidade de indemnizar os passageiros em caso de atraso", disse Iván Rodríguez, advogado da Legálitas, ao Consumidor Global.
Reconhecimento sem pagamento
Das quatro reclamações apresentadas, Wizz Air só respondeu a uma no passado mês de fevereiro. A afectada recebeu um correio eletrónico em fevereiro. A companhia aérea reconhecia que tinha direito a uma compensação económica de 250 euros.
No entanto, ainda não recebeu o dinheiro. "Solicitam-me dados como o IBAN e o nome do titular. Disse-lhes que toda essa informação já a tinha facilitado anteriormente no momento da reclamação e nunca mais obtive resposta", relata. De facto, a internauta continuou a mandar emails a posteriori reclamando o seu dinheiro, ainda que sem sucesso.
Que diz o regulamento?
A Agência Estatal de Segurança Aérea (Aesa) recorda que o Regulamento (CE) 261/2004 estabelece que os passageiros têm direito a uma compensação económica se o seu voo chega ao destino final com mais de três horas de atraso. Por isso, as quatro passageiras afectadas por este voo atrasado teriam direito a ser indemnizadas.
Mas mesmo aquele que recebeu uma autorização formal para receber uma indemnização não conseguiu recebê-la. O reconhecimento da Wizz Air não se traduziu num pagamento efetivo.
Quanto tempo tem a Wizz Air para pagar?
À pergunta sobre quanto margem de tempo tem a companhia aérea para pagar, Rodríguez responde: “Não há nada claro”. “Idealmente, entre 15 e 30 dias após o reconhecimento do direito à indemnização”, acrescenta.
"Se não o fizerem, pode queixar-se de novo ou ir diretamente a tribunal. Como respondem a uns e não a outros, tenho a impressão de que não existe um critério unificado. Há uma enorme falta de coordenação administrativa.
Wizz Air guarda silêncio
A Consumidor Global contactou a Wizz Air para esclarecer o motivo que há por trás da coordenação da companhia aérea e averiguar porque não realizou ainda o pagamento prometido à passageira. Até ao termo desta reportagem, a companhia não deu resposta.
O único que fica claro é que a companhia aérea reconhece e nega a compensação a duas passageiras do mesmo voo. A ponto de cumprir-se um ano daquela viagem destas amigas,a Wizz Air ainda não foi capaz de pagar a compensação prometida.