As 19 ánforas repletas de moedas romanas que conquistam ao público em Madri
Mais de 33.000 visitantes já têm ido a ver o Tesoro de Tomares, um dos achados arqueológicos mais surpreendentes de Europa

O achado de 19 ánforas cheias de moedas romanas, conhecido como o Tesoro de Tomares, está a desatar um autêntico fenómeno cultural.
A exposição Moedas que brotam da terra. O Tesoro de Tomares, organizada pelo Museu Arqueológico Nacional (MAN) em colaboração com a Junta de Andaluzia, tem atraído já a 33.109 visitantes desde sua abertura o passado 12 de maio, se convertendo num dos eventos mais visitados do verão em Madri e um referente a nível nacional.
Até quando se pode visitar e quanto custa
Esta mostra, que permanecerá aberta até o 28 de setembro de maneira gratuita, apresenta três das dezanove ánforas achadas de forma fortuita durante umas obras no município sevillano de Tomares, dois delas selladas com seu conteúdo intacto.

Ao todo, o achado inclui mais de 50.000 moedas romanas de bronze enriquecidas superficialmente com prata, conhecidas como nummus, datadas entre finais do século III e inícios do IV.
Um tesouro oculto baixo uma villa romana
A descoberta produziu-se no Parque Olivar do Zaudín, no que foi uma antiga fazenda olivarera da Hispalis romana, desde onde partia grande parte do azeite que alimentava ao Império. As ánforas, originalmente destinadas a alojar azeite, foram reutilizadas como contêiners para guardar um tesouro monetário excepcional, enterrado baixo o solo de um edifício agrícola.
Graças a uma investigação multidiciplinar levada a cabo junto à Universidade de Sevilla, confirmou-se que a cada ánfora continha uma média de 2.800 moedas. Os estudos físico-químicos e numismáticos estão a arrojar luz sobre um dos períodos mais convulsos do Império Romano: a reforma política de Diocleciano e a divisão do poder numa tetrarquía que fracassaria pouco depois.
Um tesouro histórico de escala internacional
Este conjunto monetário, segundo os experientes, só é superado em tamanho pelo tesouro de Misurata (Líbia), o que situa ao Tesoro de Tomares como um dos maiores depósitos numismáticos do Baixo Império Romano achados em Europa.

As moedas mostram os rostos de até nove imperadores e procedem de quinze cecas diferentes, confirmando a dimensão imperial do achado.
Sucesso de público e divulgação
A conselheira de Cultura e Desporto, Patricia do Poço, tem celebrado o sucesso da exposição e tem destacado que "mais de trinta mil pessoas se interessaram por uma mostra que põe de manifesto a fortaleza do sistema arqueológico, cientista e museístico de Andaluzia". Também tem sublinhado que este projecto reforça o papel do Museu Arqueológico de Sevilla, actualmente fechado por reformas, e permite dar a conhecer seu labor investigador através de uma colaboração institucional instância.
A exposição está comisariada por Concepção San Martín Montilla e Pablo Quesada Sanz, conservadores do Museu Arqueológico de Sevilla, e se enmarca dentro do programa do MAN dedicado aos achados arqueológicos mais relevantes dos últimos anos em Espanha.