Volkswagen nega a última revisão de um Audi a poucos quilómetros do limite de cobertura
O proprietário, com o veículo inmovilizado, denuncia uma interpretação do plano de manutenção FullDrive Plus
A história de Pablo P. começa com um Audi (A5 Coupé com transmissão automática S tronic) e a assinatura de um contrato de manutenção ativa Audi FullDrive Plus.
A poucos quilómetros de atingir o limite de cobertura, Volkswagen Financial Services (VWFS), a entidade que gere o contrato, lhe negou a última revisão. Fazer amparando numa interpretação das cláusulas que, segundo o afectado, não só é abusiva, sina que contradiz o próprio espírito do acordo.
As revisões lembradas
O veículo de Pablo, matriculado em março de 2017, acerca-se ao final de seu contrato de manutenção, que cobre até os 150.000 quilómetros ou até os 10 anos. Este plano de manutenção oficial de Audi, contratado em janeiro de 2022, inclui não só as revisões periódicas, sina também a substituição de peças de desgaste como os discos de travão, os amortecedores ou as escobillas. Em definitiva, um serviço integral, desenhado para garantir a máxima tranquilidade ao condutor e o óptimo estado do veículo.

"O 22 de setembro de 2025, o veículo foi apresentado num serviço oficial para realizar a última revisão, com o cuentakilómetros marcando 149.700 km, a sozinho 300 da expiração do contrato", expõe o cliente a Consumidor Global. A resposta foi um jarro de água fria. A oficina, seguindo as directrizes de VWFS, denegó o serviço.
O argumento da negativa
A financeira argumentou que, dado que a última revisão se realizou aos 123.289 quilómetros em abril de 2024, ainda não se tinham cumprido os 30.000 quilómetros ou os dois anos de intervalo recomendados pela marca entre revisão e revisão. Uma lógica que, aplicada de forma estrita, obrigaria a Pablo a superar o limite dos 150.000 quilómetros, deixando a revisão fora da cobertura pela que tem estado pagando pontualmente.
"Esta restrição não figura em nenhuma cláusula do contrato que assinei", assinala Pablo P. Por sua vez, VWFS defende que "a mudança de azeite flexível se faz à cada dois anos ou 30.000 quilómetros, isto está indicado no plano de assistência do veículo dado pelo fabricante, não aparece em seu contrato, o que se lhe indica é que o contrato de manutenção segue o plano de assistência do veículo".
As soluções de VWFS
"A revisão, que corresponde em torno dos 150.000 km, inclui, segundo o próprio plano de manutenção oficial e o plano de manutenção contratada Fulldrive Plus, a substituição de determinados elementos de desgaste. Atrasar injustificadamente esta intervenção supõe restringir um serviço já abonado, com um valor económico significativo", denúncia Pablo P.
Ante isso, VWFS tem tentado oferecer algumas soluções ao afectado. A primeira, a devolução das quotas abonadas desde a última revisão, em abril de 2024, uma compensação que não cobre o custo real da revisão pendente nem das peças de desgaste que deveriam se substituir. A segunda, a contratação de um novo plano de manutenção, o Entry, "sem elementos de desgaste e com condições económicas menos favoráveis, que inclui uma contribuição inicial de 50% do custo a devolver em caso de cancelar o contrato atual".
O carro está inmovilizado
"Desde o 22 de setembro, o veículo permanece inmovilizado, o que me está a ocasionar prejuízos pessoais e profissionais", assinala o cliente. Obrigado a não usar seu carro para não cruzar a linha vermelha dos 150.000 quilómetros, Pablo P. indica que tem tido que recorrer a um veículo mais antigo e menos seguro para seus trajectos diários, além de alugar outros carros para as viagens mais longas. É o preço a pagar por tentar fazer valer um direito pelo que tem pago.
Consumidor Global pôs-se em contacto com a marca Audi para conhecer sua postura oficial ao respeito. No entanto, ao termo desta reportagem não se obteve resposta alguma.

