Confirmado por cientistas: a dieta que pode salvar 15 milhões de vidas ao ano

A dieta da "Saúde Planetaria" propõe uma forma de comer mais sustentável e equilibrada: poderia prevenir milhões de mortes e reduzir o impacto ambiental que a alimentação tem

Movimiento de contenedores en un puerto canario. IMAGEN DE LA RED (1500 x 1000 px)   2025 10 07T115750.379
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O que pomos em nosso plato a cada dia não só influi em como nos sentimos, sina também no futuro do planeta que habitamos.

 

A nova revisão da Comissão EAT-Lancet, formada por média centena de experientes internacionais, põe sobre a mesa uma mensagem clara: uma alimentação equilibrada pode prevenir até 15 milhões de mortes prematuras ao ano e reduzir de forma significativa o impacto ambiental do sistema alimentar global.

A dieta que poderia salvar vidas (e ao planeta)

Segundo os cientistas, os alimentos são responsáveis de ao redor de 30% das emissões mundiais de gases de efeito invernadero, uma cifra que poderia empurrar ao planeta para além do limite de 1,5 °C de aumento de temperatura se não se modificam os hábitos atuais. Por isso, a proposta do telefonema Dieta de Saúde Planetaria (DSP) não procura impor restrições, sina oferecer uma guia realista que beneficie tanto ao corpo como ao meio natural.

O objectivo desta dieta é dupla: combater doenças crónicas sócias a uma má alimentação —como a obesidad, a diabetes ou as patologias cardiovasculares— e, ao mesmo tempo, promover um modelo de consumo que respeite os limites ecológicos do planeta.

O equilíbrio perfeito: mais vegetais, menos carne

A Dieta de Saúde Planetaria define-se como flexitariana, isto é, baseada principalmente em alimentos vegetais, mas com um pequeno espaço para as proteínas de origem animal. As quantidades orientativas são singelas: uns 300 gramas de verduras, 200 gramas de cereais integrais, 250 gramas de lacticínios ou alternativas vegetais, 75 gramas de legumes, 50 gramas de frutos secos, 30 gramas de pescado ou frango, e mal 15 gramas de carne vermelha ou ovo.

Em palavras de Walter C. Willett, copresidente da comissão, trata-se de aplicar a fórmula "um mais um": uma porção de proteína animal mais uma de lacticínios ao dia, acompanhadas sempre de abundantes vegetais. "Não é uma dieta restritiva, sina uma forma deliciosa e variada de comer", assegura. O mais interessante é seu versatilidad. Este padrão pode adaptar-se facilmente a diferentes culturas e preferências: desde uma dieta mediterránea rica em azeite de oliva e legumes, até opções veganas ou pescetarianas.

Alimentação responsável: os limites que não devemos traspassar

Para além das calorías ou os nutrientes, a EAT-Lancet analisa a conexão entre a comida e os chamados limites planetarios, isto é, os processos que mantêm o equilíbrio do planeta: o clima, a biodiversidade, o água, o uso do solo e os ciclos de nitrogênio e fósforo.

O cientista Johan Rockström resume-o assim: "O sistema alimentar atual está a pôr em risco a estabilidade do planeta". A agricultura intensiva, o desperdicio de alimentos e o consumo excessivo de carne estão a acelerar a degradação ambiental e ameaçando a segurança alimentar das próximas gerações.

Um desafio de equidade alimentar

Mas a mudança não só é questão de saúde ou sustentabilidade, também de justiça social. Os pesquisadores denunciam que mal o 1% da população mundial segue uma dieta saudável e respeitosa com o medioambiente, enquanto o mais 30% rico concentra mais de 70% do impacto ecológico da alimentação.

Por isso, os experientes pedem políticas públicas mais ambiciosas: eliminar subsídios aos produtos mais contaminantes, fomentar etiquetados claros e transparentes, e promover campanhas de redução do desperdicio alimentar. Mudar o sistema requer compromisso coletivo, não só decisões individuais.

Uma mudança que já não pode esperar

Adoptar este modelo não é uma moda nem uma tendência "eco-friendly". É, como advertem os cientistas, uma necessidade urgente. Mudar a forma na que comemos poderia significar uma transformação global: vidas mais longas, ecossistemas mais estáveis e uma sociedade mais justa.

Rockström resume-o com uma frase contundente: "Seguir comendo como até agora é um luxo que a humanidade já não pode se permitir".

O valor da dieta mediterránea

E se falamos de padrões alimentares saudáveis, a dieta mediterránea continua sendo a referência por excelência. Assim o recordaram experientes no Seminário de Nutrição Positiva organizado pelo Ministério de Assuntos Exteriores de Itália e a Italian Trade Agency.

Apesar de que o ritmo de vida atual nos afasta dos costumes tradicionais, esta forma de comer —baseada em frutas, verduras, legumes, cereais integrais, pescado e azeite de oliva virgen extra— segue sendo a mais estudada e recomendada do mundo.

De facto, segundo dados de Eurostat (2022), as regiões européias com maior esperança de vida encontram-se em Espanha e Itália: a Comunidade de Madri (85,2 anos) e a província autónoma de Trento (84,4 anos). "Comer ao estilo mediterráneo é sinônimo de saúde e longevidade", afirmava Daniele Rossi, vice-presidente do Clúster Agroalimentar Nacional italiano.

Um convite a reconectar com a comida

A proposta da Dieta de Saúde Planetaria e a filosofia mediterránea compartilham a mesma esencia: voltar a uma alimentação consciente, equilibrada e respeitosa. Comer menos processados, eleger ingredientes locais, e desfrutar da comida como um acto social e cultural.

Porque, ao final, cuidar o que comemos é também cuidar o planeta e nosso futuro.