Antonio Aceituno, diretor de Tempos Energia: "O preço da luz duplicar-se-á em julho"
Desde a consultora recordam que, de se cumprir esta previsão, as tarifas situar-se-iam em níveis similares aos registados no mesmo período do 2024

A previsão mais otimista da consultora energética Tempos Energia assinala que os preços do pool elétrico poderiam se aliviar este verão, impulsionados pela evolução do índice de preços do gás. De cumprir-se esta previsão, as tarifas situar-se-iam em níveis similares aos registados no mesmo período do ano passado, em torno dos 100 euros por megavatio hora (MWh).
Desde a consultora têm recordado que esta cifra duplicaria o custo da luz do mês de junho. Segundo tem explicado o diretor geral de Tempos Energia, Antonio Aceituno, "este palco viria acompanhado de um indicador TTF que poderia se consolidar por embaixo dos 40 euros o megavatio/hora".
Reservas de 90%
"Se todo flui na direcção correta, contando com a climatología favorável, sem contratiempos nas reservas de Noruega e com Ásia numa situação ainda passiva, Europa continuaria atraindo gás natural licuado sem tensar o mercado, atingindo as reservas os níveis ao 90%", tem acrescentado.

Assim mesmo, Aceituno tem advertido de que esta proposta "poderia mudar no caso de que algum dos pilares começasse a tambalearse". "Noruega poderia reduzir o ritmo de enchido dos inventários e também pode suceder que Chinesa regresse ao mercado spot impulsionado pelos preços ativos".
Preço do megavatio hora
Esta possibilidade provocaria uma reacção direta no gás numa situação na que "a sensibilidade do sistema é extrema e qualquer alteração pode disparar a prima de risco nas cotações", segundo tem apontado o experiente. Neste caso, o gás ver-se-ia empurrado acima dos 50 euros o megavatio hora, colocando aos preços da luz do verão em torno dos 120 ou 130 euros o megavatio hora, o que suporia um aumento de 30% com respeito ao ano passado.
Face aos futuros elétricos, desde Tempos Energia têm assinalado que o mercado "tem mudado de fase". O terceiro trimestre deste ano sobe um 13%, impulsionado pela pressão do gás. Por sua vez, o quarto trimestre do ano avança um 5,3% refletindo o risco já associado a final de ano pelo maior consumo, o possível estrés nuclear e as renováveis menos fiáveis que no outono.

Uma recuperação moderada
A análise da consultora Tempos Energia sobre os futuros do gás aponta a um recuperación moderada, com uma revalorização acumulada próxima ao 13% desde os mínimos de maio. Não obstante, este avanço não tem sido linear, sina o resultado de forças contrapostas que têm provocado movimentos erráticos.
O primeiro vetor finque encontra-se na campanha de armazenamento em Europa, que avança com firmeza, pois os níveis de enchido já superam o 50%, com uma previsão próxima ao 90% para novembro, apesar de não contar com um ritmo "especialmente acelerado".
Contenção de preços
Em segundo lugar, as manutenções programadas em Noruega --em especial durante os meses de verão-- seguem condicionando o fornecimento. Ainda que o mercado percebe-os como um risco contido, o CEO de Tempos Energia tem recordado que "qualquer perturbação ativa mecanismos de cautela".

Com todo o anterior, o factor mais determinante passa por Ásia. "Sua débil demanda, especialmente desde Chinesa, encadeia vários meses sem dar sinais de recuperação sólida, libertando assim cargamentos de GNL para Europa e favorecendo uma verdadeira contenção de preços", tem indicado Aceituno.
Mudança de ciclo no mercado elétrico
Esta situação vem precedida por um pool elétrico que "adverte com força a uma mudança de ciclo depois de meses de inércia bajista", apontando aos primeiros dias de junho com uma média de 47,42 euros o megavatio hora, mais do duplo que a média combinada de abril e maio.
Para a consultora Tempos Energia, o mercado elétrico "não só tem ganhado altura senão também estabilidade" sendo definitivo o reparto dos preços". Enquanto abril e maio, mais de 40% das horas situaram-se por embaixo dos dez euros, neste trecho de junho mal representa o 10%. "A demanda tem deixado de ser cúmplice dos preços baixos, para posicionar-se como um dos principais motores da tensão", têm assinalado.

A energia solar só ganha protagonismo
Ante o incremento do consumo, a geração eólica "tem passado de marcar o ritmo do mercado a desaparecer do tabuleiro". Quanto à energia hidráulica "já não manda no mapa", pois, apesar de que os embalses estão ao 91% de sua capacidade, a estratégia dos operadores passa por reter o volume e maximizar o preço".
Por outro lado, a energia solar tem ganhado protagonismo, mas não liderança, e, em palavras do diretor geral de Tempos Energia, "não basta para conter os preços e quanto aos ciclos combinados têm incrementado sua produção um 53%". Uma entrada que tem sido "quirúrgica, com menos renováveis, mais consumo e a necessidade de estabilidade".