Lego já não fala de inclusão
A companhia elimina menções a diversidade no seu relatório de sustentabilidade, marcando uma mudança no seu discurso corporativo

A reconhecida empresa de blocos de construção Lego eliminpi toda a menção explícita à diversidade e a inclusão no seu relatório anual de sustentabilidade 2024, marcando uma mudança no seu discurso corporativo face aos anos anteriores.
Esta mudança contrasta com os relatórios anteriores, nos quais a marca dinamarquesa –conceituada o maior fabricante de brinquedos do mundo– destacou os seus esforços por integrar a diversidade nos seus produtos e processos internos.
O seu compromisso em anos anteriores
Entre as suas iniciativas mais visíveis encontravam-se a incorporação de personagens com deficiências visíveis e invisíveis, como membros diferentes, síndrome de Down, vitíligo ou ansiedade, bem como figuras de diferentes tons de pele e culturas. Um dos exemplos mais celebrados foi o aparecimento de minifiguras com atacadores de girassol,, um símbolo internacional de deficiências ocultas.

Em 2023, o compromisso com a inclusão foi inclusive reafirmado pela diretora de diversidade e inclusão da Lego, Lauren von Stackelberg, quem afirmou que a companhia estava a integrar estes valores em "todo o que fazia". O relatório desse ano mencionava termos como "diversidade", "LGBTQ+" e "pessoas de cor" em várias ocasiões, além de abrir com uma mensagem do diretor executivo, Niels Christiansen, destacando a importância da inclusão.
Mudança de tom
No entanto, segundo informou o jornal britânico The Guardian, o relatório correspondente a 2024 ignorou por completo estas expressões. Nem "diversidade", nem "inclusão", nem referências a comunidades tradicionalmente marginadas aparecem no novo documento.
Ainda que o relatório inclua dados sobre a distribuição de género a nível diretivo —com uma meta para 2025 de 57% de homens e 43% de mulheres— pela primeira vez sublinha que "as nomeações se baseiam no mérito", numa linha retórica próxima à adoptada pela nova administração norte-americana.
A administração de Donald Trump
Esta mudança de tom produz-se num contexto político no qual as políticas de diversidade foram objeto de críticas por parte da administração de Donald Trump, quem recentemente regressou à presidência de Estados Unidos. As reacções da sua administração parecem estar a ter efeitos colaterais na Europa, especialmente entre empresas multinacionais com forte presença no mercado norte-americano..
Por agora, Lego não emitiu declarações oficiais sobre esta modificação no seu enfoque de comunicação, mas o silêncio no seu relatório contrasta notavelmente com o activismo mostrado em anos anteriores, o que tem gerado inquietude entre sectores que aplaudiam os seus esforços por representar uma maior variedade de realidades no mundo infantil.