Ametller Origem vende laranjas sul-africanas na huerta de Europa
A corrente catalã, que baseia seu marketing no produto proximidade, ignora a colheita nacional em plena temporada deste cítrico

A corrente de supermercados catalã Ametller Origem, que tem construído sua marca em torno da promessa de produtos de proximidade e de "origem", se encontra vendendo laranjas importadas de África do Sul.
Uma visita a sua loja on-line revela que a totalidade de sua oferta de laranjas frescas não prove/provem dos campos de Valencia, Múrcia ou Andaluzia, sina de África do Sul, a mais de 8.000 quilómetros de distância. Enquanto, como tem comprovado Consumidor Global, correntes como Carrefour, supermercados Dia e Alcampo, entre outros, sim vendem laranjas de origem nacional.
Em plena temporada de laranjas em Espanha
Actualmente, os clientes que procuram laranjas em seu site se encontram com duas únicas opções, ambas do hemisfério sul: a "Taronja Fontestat" a 3,79 euros/kg e a "Taronja per a postres" a 2,39 euros/kg. Na ficha de ambos produtos, a origem se indica de forma clara e sem rodeos: África do Sul.

Esta situação gera uma notável controvérsia, especialmente ao considerar que a temporada de laranjas em Espanha se estende de outubro a junho. Nestes momentos, agricultores da Comunidade Valenciana, Múrcia e Almería –consideradas a "huerta de Europa"-- já estão a colectar as primeiras variedades da temporada 2025-2026
Por que laranjas sul-africanas em outubro?
Enquanto a importação fora de temporada é uma prática comum para garantir o fornecimento, fazê-lo justo ao início da campanha nacional é uma decisão comercial difícil de justificar desde a perspectiva da sustentabilidade e o apoio local.
As organizações agrárias denunciam que estas estratégias afundam os preços em origem e confundem ao consumidor, que vai a Ametller Origem esperando encontrar precisamente o que a marca promete: produto da terra.
Um historial de polémicas
Este não é o primeiro encontronazo de Ametller Origem com a polémica. A companhia tem enfrentado nas passado denúncias por parte de organizações agrárias por suposta publicidade enganosa ao anunciar-se como supermercado ecológico sem ser em sua totalidade.
Do mesmo modo, viu-se envolvida em debates sobre a origem real de outros de seus produtos, resquebrajando seu lema de "sem intermediários". Por exemplo, vende cabos de origem israelita sem identificar claramente o país de procedência. Vende espárragos de Peru. Vende ciruelas de África do Sul. Vende 'bolets' chineses. Vende judias de Kenia. E, assim, uma longa lista de produtos.