O fim do bar do povo: 235 municípios poderiam perder seu único local pela nova lei do álcool
O veto à publicidade de bebidas alcohólicas nos terraços custará 12.000 euros extra à cada estabelecimento e porá em risco 10.000 empregos
A hotelaria espanhola cifra em 1.680 milhões o impacto do veto à publicidade de álcool em terraços. É um palco "desolador", especialmente na Espanha rural. As principais patronales (Hotelaria de Espanha, CEOE, Marcas de Restauração e Cepyme) têm apresentado uma ofensiva contra o anteprojecto de lei que procura proibir o patrocínio de bebidas alcohólicas em terraços situados para perto de menores.
Baixo o lema "Cales vivas: Importância dos terraços", o sector adverte que a retirada do financiamento das marcas de bebidas não só afectará às grandes correntes, sina que será a sentença de morte para os pequenos negócios com margens de sobrevivência mínimos. Segundo seus cálculos, a medida teria uma consequência especialmente grave: até 235 povos poderiam perder seu único bar, um golpe direto a sua vida social e económica.
O adeus ao centro social do povo
Segundo o relatório apresentado pela consultora AEI, a proibição de marcas em sombrillas, mesas e cadeiras se estão a menos de 150 metros de zonas frequentadas por menores (parques, colégios, centros culturais) terá um efeito dominou.

Muitos pequenos bares rurais sobrevivem graças a que as marcas lhes proporcionam o mobiliário e o equipamento. Se corta-se esse grifo de financiamento, o relatório assinala que mais de 200 municípios perderiam seu único estabelecimento de hotelaria.
Uma factura de 12.000 euros por bar
O projecto de lei, actualmente em tramitação parlamentar, obrigaria a renovar o mobiliário a mais de 100.000 estabelecimentos em todo o país. Até agora, as marcas de cerveja e destilados assumiam grande parte do investimento em sombrillas e enseres de terraço. Sem esta "subvenção" privada, o dono do bar terá que pagar de seu bolso.
- O custo estimado: uma despesa extra de 12.000 euros por estabelecimento para substituir o material vetado.
- A perda de investimento: desapareceriam 600 milhões de euros que as marcas injectam actualmente em bares e restaurantes.
José Luis Álvarez Almeida, presidente de Hotelaria de Espanha, tem recordado que a maioria de bares são PMEs com margens muito estreitas, pelo que assumir este custo é inviable para muitos.
Buraco de 1.680 milhões e 10.000 despedimentos
O impacto macroeconómico que manejam as patronales desenha um palco de crise para um dos motores turísticos de Espanha. Os terraços, presentes no 25% dos locais, são parte da "identidade nacional", mas sua viabilidade está em entredicho.
As cifras do estudo sobre as perdas potenciais são contundentes:
- Perdas em vendas: o sector deixaria de facturar entre 1.080 e 1.680 milhões de euros.
- Destruição de emprego: pôr-se-iam em risco entre 8.000 e 10.200 postos de trabalho (diretos e indiretos), que poderiam se perder ou precarizarse.
- Valor acrescentado: a economia espanhola sofreria uma merma de até 1.176 milhões de euros.

"Não somos culpados de que os menores bebam"
A campanha apresentada em Madri procura defender-se do que consideram uma criminalización do sector. Os hosteleros fazem questão de que estão em prol de proteger aos menores, mas recusam ser o bode expiatório. "As prefeituras não perseguem o botellón, mas põem o foco nos terraços", tem denunciado Álvarez Almeida.
O presidente da patronal tem sido tajante ao afirmar que nos terraços "não se incita aos menores a que consumam álcool". "Queremos um consumo responsável, elegante e de conciliação e que não nos ponham no centro do alvo; não somos culpados de que os menores estejam a beber", tem concluído.

