Com Renfe, Ouigo e Iryo não sabes se poderás viajar ou ficar longe se tens um animal como Oslo

As três companhias ferroviárias alteram a sua política de viagens ao longo dos anos e criam incertezas para os passageiros com alguns animais de estimação.

Um animal de estimação como Oslo / PEXELS
Um animal de estimação como Oslo / PEXELS

Oslo tem sete anos de vida e já percorreu boa parte de Espanha em alta velocidade. Viajou sem problemas nos vagões de Renfe, Ouigo e Iryo, sempre cumprindo com os regulamentos.

No entanto, as políticas destas três companhias ferroviárias, mutáveis e muitas vezes contraditórias, deixaram-no em terra várias vezes. O motivo? Oslo é um coelho.

Condições confusas

Tudo começou com a Renfe. O dono de Oslo, José Manuel Ávalos, lembra como, há dois anos, a política de transporte da empresa era confusa. "Diziam que admitiam animais com menos de 10 quilos em transportadoras, mas não especificavam se os coelhos entravam nessa categoria. Mencionavam exemplos como cães e gatos, mas nada mais".

Varios transportines para mascotas para viajar con Renfe, Ouigo e Iryo / EFE
Várias transportadoras para animais de estimação para viajar com Renfe, Ouigo e Iryo / EFE

Esta falta de clareza deu lugar a um episódio frustrante. "Deixaram-nos em terra, alegando que os coelhos não eram considerados animais de estimação permitidos. Foi o primeiro golpe, mas não o último", afirma Ávalos.

A mudança de atitude de Ouigo

Inicialmente, após a recusa da Renfe, a Ouigo parecia oferecer uma solução. A empresa permitia o transporte de animais de estimação de pequeno porte em caixas de transporte e Oslo viajava sem inconvenientes. Mas tudo isso mudou num Natal, quando os funcionários da estação lhe recusaram o acesso. “Disseram-me que estava na política da empresa, mas quando verifiquei o síte, não era claro”, critica o jovem.

Essa negativa custou-lhe 350 euros em bilhetes perdidos e a frustração de não poder realizar a viagem planeada. Desde então, José Manuel adoptou uma precaução quase obsesiva, revendo exaustivamente os regulamentos da cada companhia antes da cada trajecto para evitar novos contratempos. No entanto, essa etapa de tranquilidade foi breve. Há cerca de um ano, a companhia atualizou as suas políticas e excluiu os coelhos da lista de animais admitidos, uma mudança que José Manuel descobriu de forma inesperada ao chegar à estação.

Sem explicações claras

“Cheguei confiante, mas informaram-me que Oslo não podia subir. Foi um golpe duro, especialmente porque já tinha viajado com eles várias vezes sem problemas e ninguém me tinha avisado da alteração dos regulamentos”, diz Ávalos. O que o deixou mais indignado não foi apenas a proibição, mas a atitude do pessoal da Iryo.

"Não ofereceram explicações claras, só insistiam que era política da empresa. Perdi o bilhete de ida e, ainda que me t4enham reembolsado o de volta, foi decepcionantes. Foi uma experiência realmente frustrante", sublinha.

Mais de 500 euros em perdas

Ao todo, Ávalos perdeu mais de 500 euros em bilhetes devido às inconsistencias das companhias ferroviárias. Além dos custos económicos, há o impacto emocional.

“É cansativo ter de verificar as políticas de cada vez que se viaja. Nunca se sabe se alguma coisa mudou”, diz ele. “As empresas podiam, pelo menos, notificar os utilizadores frequentes sobre as alterações aos seus regulamentos. A falta de comunicação efectiva é inaceitável. 

As divergências das empresas

As disparidades entre os regulamentos das principais companhias ferroviárias - Renfe, Ouigo e Iryo - criaram um ambiente em que os viajantes com animais de estimação têm de navegar num sistema opaco e muitas vezes arbitrário. A Renfe liderou uma mudança ao alargar as suas políticas para incluir até cães de maior porte em alguns comboios AVE. 

Una persona se dispone a viajar con sus perros en uno de los trenes AVE de Renfe que lo permiten / MARTA FERNÁNDEZ - EP
Uma pessoa dispõe-se a viajar com os seus cães num dos comboios AVE da Renfe que o permitem / MARTA FERNÁNDEZ - EP

Em contrapartida, Ouigo e Iryo adoptaram posições mais restritivas, excluindo os coelhos e outros pequenos animais domésticos sem dar explicações claras. “Se permitem cães e gatos, porque não coelhos? Não são perigosos e o Oslo viaja sempre numa caixa de transporte fechada. É um animal calmo”, explica Avalos.

Qual é o regulamento atual da Renfe, Ouigo e Iryo

A Consumidor Global pôs-se em contacto com a Renfe, Ouigo e Iryo para conhecer o seu regulamento atual com respeito aos animais de estimação e o motivo das mudanças respectivas. Por sua vez, a Renfe confirmou que "actualmente é permitido viajar com animais de estimação de até 10 quilos e cães de até 40 quilos (em diversos trajectos)".

Por outro lado, a Iryo salientou que nas suas condições “nunca foi permitido viajar com coelhos, sendo possível viajar apenas com um animal de estimação por pessoa. De acordo com a Lei do Bem-Estar Animal, aprovada em março de 2023, apenas os cães, gatos e furões são considerados animais de companhia, sendo, por conseguinte, os únicos animais permitidos nos operadores ferroviários. A Iryo integrou esta lei nos seus regulamentos desde o início”. As vezes em que Avalos viajou são, para a empresa, casos “excepcionais”. Por último, a Ouigo confirma que os coelhos não são autorizados nos seus comboios.