Glovo cobra até três euros por despesas de gestão e ninguém sabe porquê

Estas comissões de gestão não são sempre as mesmas e a empresa não especifica os critérios que determinam o seu montante, razão pela qual alguns especialistas consideram esta prática “ilegal”.

Uma estafeta da Glovo / GLOVO
Uma estafeta da Glovo / GLOVO

Glovo é uma das aplicações de comida ao domicílio mais utilizadas em Espanha. No entanto, também tem sido objeto de polémica em diversas ocasiões, como ocorreu com a conhecida 'lei rider' e o seu impacto nos estafetas.

Agora, a plataforma volta a estar no centro das críticas por aplicar despesas de gestão que alguns consumidores consideram arbitrárias. Para além das despesas de envio, os utilizadores devem pagar um encargo adicional que oscila entre os 49 céntimos e os 2,99 euros. A incógnita que fica no ar é em que se baseia a vGlovo para calcular este valor.

O encargo surpresa da Glovo

Uma das utilizadoras afectadas é Ana M. Segundo conta à Consumidor Global, levava meses sem utilizar a aplicação da Glovo e surpreendeu-se ao ver um novo encargo acrescentado ao seu ticket: as despesas de gestão.

Se for o caso, Glovo aplicou-lhe 1,66 euros adicionais. A essa quantidade teve que somar as despesas de envio e o preço da comida."A quantidade era mínima, mas não entendia porque me tinham atribuído essa quantidade e não outra inferior ou maior", detalha a este meio.

7% do custo total são despesas de gestão

Segundo pôde comprovar a cliente na letra pequena do pedido, esta tarifa destina-se a "gerir a aplicação, operações e equipas de assistência". Ademais, especifica-se que "começa em 0,49 euros e corresponde a 7% do teu pedido, até um máximo de 2,99 euros".

A Consumidor Global contactou com a Glovo para saber em que se baseia este cálculo. Até ao encerramento desta reportagem, a companhia guarda silêncio.

É legal este encargo?

Cobrar despesas de gestão não é ilegal quando se cumprem certos requisitos. Alejandro Sanchis, advogado da AMG Legal, explica a este meio que se podem aplicar sempre que esteja justificado e que se informe previamente o consumidor.

Não obstante, o debate gira em torno da falta de transparência sobre o custo exato. Neste caso, Gerardo Ruiz, advogado especializado em consumo da Legálitas, sublinha à Consumidor Global que "este tipo de imposição de despesas resulta completamente ilegal por parte da Glovo porque não estão a informar de que critérios se aplicam para cobrar uma quantidade ou outra".

Uma cobrança arbitrária

O jurista sublinha que este tipo de encargos resultam "indeterminados", já que se deixa ao critério exclusivo da empresa fixar o custo. "Não me está a dizer que do quilómetro zero ao quilómetro cinco são 50 céntimos, por exemplo", expõe.

Ao fazer uma simulação de pedido na Glovo, observa-se que, quanto menor é o custo do pedido, mais baixos são as despesas de gestão. Isto sugere que poderiam estar vinculados ao tamanho do pedido, ainda que a plataforma não o explica. A única certeza é que o consumidor acaba a pagar um extra cujo cálculo continua a ser, para muitos, um mistério.