A maioria de menores de 11 anos já usa o móvel a diário
Um estudo reflete que o 68% dos meninos dedica mais de duas horas ao dia ao lazer digital e um 18% o faz mais de 5 horas

No ano 2016, a Academia Americana de Pediatría alertou pela primeira vez do impacto do mundo digital sobre a saúde, e, tal e como recorda a Associação Espanhola de Pediatría, nestes últimos anos têm ido aumentando os ensaios clínicos que corroboran este vínculo. Mais especificamente, o uso excessivo de ecrãs tem efeitos negativos sobre o sonho, o risco cardiovascular, o volume cerebral ou a alimentação.
Agora, o I Observatório de Hábitos Digitais em menores elaborado pela companhia cántabra SaveFamily (especializada no desenvolvimento de relógios inteligentes para menores que ajudem a reduzir o uso de ecrãs e a exposição a perigos no âmbito digital dos mais pequenos) afunda neste problema.
Dantes dos 8 anos
O estudo (o primeiro, indicam seus promotores, elaborado por uma entidade privada dedicada a este âmbito que se lança em Espanha) reflete que o emprego do telefone móvel continua popularizándose entre os menores e que já há um 42% de meninos em Espanha que o usa pela primeira vez dantes dos 8 anos.

A tenor do relatório, um 68% dos meninos e meninas usa internet de forma habitual dantes dos 11 anos e o 53,2% dos menores de idade mostra irritação ou ansiedade quando se lhes limita o tempo de uso.
Regular e acompanhar
"Os dados apontam a uma necessidade urgente de equilíbrio: não se trata de demonizar a tecnologia, sina de educar, regular e acompanhar. Os relógios inteligentes infantis com GPS, por exemplo, são uma solução que muitas famílias estão a começar a valorizar como alternativa segura e controlada ao permitir uma imersão escalonada no mundo digital, e com controle parental", destaca Jorge Álvarez, CEO e experiente de SaveFamily.
"O 90% dos menores já utiliza dispositivos com conexão a Internet e mais da metade o faz durante mais de duas horas diárias, inclusive entre semana", agrega. Mais concretamente, um 15,3% dos meninos se adentran em internet inclusive dantes dos 5 anos e até um 68% dantes dos 11 anos.

Uso intensivo
O uso intensivo incrementa-se notavelmente com a idade: quase o 93% de jovens de 15 a 17 anos dedica no mínimo uma hora ao dia aos ecrãs em seu tempo de lazer e o mais 17,5% de cinco horas diárias.
Ademais, o 81,6% dos menores espanhóis passam mais de uma hora adiante de um ecrã entre semana (um 90,4% os fins de semana). Durante o fim de semana, a tendência dispara-se: o 68% dos menores dedica mais de duas horas ao dia ao lazer digital e um 18% fá-lo mais de cinco horas.
Envolvimentos no desenvolvimento emocional
"Estamos a ver uma geração que normaliza o equivalente a jornadas completas de lazer digital desde idades muito temporãs. Isso tem envolvimentos em seu desenvolvimento emocional, académico e social, mas também deveria ser um sinal da sociedade na que nos estamos a converter", adverte Álvarez.

Este vício aos ecrãs tem sua repercussão na saúde mental dos menores. Esta é outra das conclusões do relatório de SaveFamily, que indica como o 53,3% dos pais afirma que o uso de dispositivos digitais tem tido um impacto emocional em seus filhos.
Ansiedade e irritação
Ademais, e segundo os dados dos interrogados, o 30,9% dos meninos irrita-se se retira-se-lhe o dispositivo e até um 23,8% experimenta ansiedade ao não ter acesso a eles. Isto também afecta às escolas: o 37,8% das famílias acha que o uso digital tem prejudicado, em maior ou menor grau, o rendimento académico de seus filhos.
Outro detalhe curioso que questiona o papel da tecnologia no âmbito educativo é que tão só o 4,7% das famílias indica que seu filho tem melhorado seu rendimento escoar. "Há uma falsa percepção de inocuidade. Os efeitos emocionais são mais evidentes que nunca. Estamos ante um problema de saúde digital", comenta Álvarez.
Desconexão digital
Estas estatísticas fazem-se públicas num contexto de crescente preocupação de pais que reclamam uma maior desconexão digital para os meninos. Entre outras medidas, propôs-se estabelecer uma idade mínima legal para possuir um smartphone (16 anos) ou reduzir o tempo de ecrã nas salas e em casa.

Segundo a encuesta de SaveFamily, dois em cada três pais (um 68,2%) aposta por proibir móveis nos colégios, e um 65,6% pede proibir as redes sociais aos menores de idade. Ademais, um 78% dos pais inclinam-se pelo controle parental como medida prioritária para meninos menores de 10 anos.