O conhecido alimento que não suporta Alberto Chicote: "Não gostei desde que era de menino"

O conhecido e televisivo chef tem desvelado que curioso alimento não suporta e tenta evitar em seus menus a toda a costa: A ciência explica essa reacção (e não tem nada que ver com teus gustos)

Alberto Chicote
Alberto Chicote

Há alguma comida que simplesmente não podes nem ver, ainda que todo mundo diga que é deliciosa? Passou-te que provaste algo de pequeno e, desde então, te dá rejeição ainda que nunca mais o tenhas voltado a comer? Não é capricho, poderia tratar de um mecanismo de protecção ancestral que ainda vive em nosso cérebro.

Esta reacção tem nome: aversão gustativa. E ainda que soa técnico, é mais comum do que cries. Trata-se de um fenómeno psicológico pelo qual associamos um alimento a uma experiência negativa, como um mal-estar ou uma intoxicación, e desde então, nosso corpo o recusa de forma automática.

Alberto Chicote: o chef que não pode nem cheirar os ovos

Um dos casos mais conhecidos em nosso país é o do chef Alberto Chicote, uma figura muito reconhecida na cozinha e na televisão. Apesar de estar acostumado a trabalhar com todo o tipo de ingredientes, há um que não suporta: os ovos.
Sim, tal como o lês. Numa entrevista recente para o programa A comeeer!, da Corrente SER, confessou:

Aborrezco os ovos e não gostei desde que era de menino.

E não é questão de gustos, é algo visceral. Encantar-lhe-ia que gostasse, mas de seu corpo simplesmente os recusa. "Oxalá pudesse desfrutá-los, mas superam-me", acrescentou. Inclusive admite que sente certa inveja quando vê a alguém se comer um ovo fritado com deleite.

Este tipo de reacção de Chicote seguramente vai para além do paladar. Pode ser uma resposta aprendida pelo corpo a uma experiência passada que, ainda que não recordemos, ficou registada como algo "perigoso" por nosso sistema nervoso ao associar o ocorrido à ingestão de ovos: "E digo-o para valer, oxalá gostasse dos ovos, mas não posso com eles. Quando vejo a alguém desfrutar se comendo um bom ovo fritado, me dá muita inveja. Mas não o tomei nunca, não gosto", tem comentado sem raciocinar se do sabor é o que lhe desagrada ou não.

Aversão alimentar: uma herança de nossos ancestros

A aversão gustativa tem muito que ver com nossa evolução. Antigamente, os humanos deviam provar plantas e frutos sem saber se eram seguros. Se algo nos fazia dano, o cérebro o registava rapidamente para evitar que voltássemos ao consumir. Este sistema de alerta foi chave para nossa sobrevivência, e ainda hoje segue ativo.

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Umas garotas sofrem animadversión ao pepperoni da pizza sem explicação aparente/ CANVA

Um exemplo clássico que David Solot, estudante de doctorado em Psicologia Organizacional da Universidade de Walden, comentava o verdadeiro significado da aversão alimentar num artigo para a CNN da seguinte maneira:

"Imagina que uma noite, sais com amigas, tomadas algo com sabor a coco (como um cocktail com rum) e, mais tarde, acabas vomitando. Pode que o álcool tenha sido o problema, mas teu cérebro o associa automaticamente ao coco. A próxima vez que cheires esse aroma, sentirás náuseas sem saber por que, ainda que seja um yogur com este sabor como base. Assim funciona esta resposta condicionada", explicava.

E é que ainda que o alimento em si não tenha sido o culpado, nossa mente elege o sabor mais llamativo como responsável. E, desde então, teu corpo reage a cada vez que o detecta.

Quando teu corpo culpa ao alimento equivocado

Não todas as aversões são lógicas. Às vezes, o alimento "acusado" não foi o verdadeiro culpado. Por exemplo, supõe que desayunaste café com leite como sempre, e mais tarde comeste um plato de comida chinesa muito sazonado que nunca tinhas provado.

Horas depois, sentes-te fatal. Sem saber qual foi a causa, teu cérebro identifica como ameaça esse conjunto de sabores novos. O resultado? A partir de então, a cada vez que cheires, o molho de soja, teu corpo se revolverá.

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Umas meninas associam o insecto ao alimento que estão a comer e sofrem um ataque de asco/ CANVA

O curioso é que a culpa quiçá era do leite cortado em teu café da manhã. Mas como esse sabor te resulta familiar e "seguro", tua mente o descarta automaticamente. Assim, o novo se converte em suspeito.

Ovos: um superalimento que gera divisão

Os ovos são um claro exemplo de alimento amado e odiado a partes iguais. Durante anos, têm tido má fama por seu conteúdo em colesterol. Muitos evitaram-nos por medo aos problemas cardiovasculares.

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Um plato saudável com ovo duro/ CANVA

No entanto, a ciência tem demonstrado que o colesterol dietético não tem tanto impacto na saúde como dantes se cria. De facto, os ovos estão repletos de nutrientes essenciais.

Estes são alguns de seus benefícios:

  • Proteína completa: Um ovo contém uns 6 gramas de proteína de alta qualidade, com todos os aminoácidos essenciais.

  • Saúde ocular: A yema é rica em luteína e zeaxantina, antioxidantes que protegem a visão e previnem o envejecimiento ocular.

  • Ideal para a gravidez: Graças a seu contribua de colina, ácido fólico, ferro e vitaminas do grupo B, favorecem o desenvolvimento neurológico do bebé.

  • Efeito saciante: São baixos em calorías e altos em proteínas, o que ajuda a manter o apetito baixo controle.

  • Metabolismo ativo: A colina também ajuda a regular o metabolismo e a função cerebral.

E se não podes com eles? Escuta a teu corpo

Se ainda com tudo isto não podes nem os ver, não te preocupes: não estás sozinha. Teu corpo está a responder a uma memória profunda, inclusive ainda que não a recordes conscientemente. Não é questão de vontade nem de exigência. A chave está em encontrar outras formas de nutrir-te e, se podes, explorar alternativas com acalma.

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Uns ovos esmagados contra o solo/ CANVA

Quem sabe? Talvez, como muitas pessoas, um dia redescubras esse alimento desde outro ângulo: cozinhado de forma diferente, numa receita nova, ou simplesmente com outra atitude. E se não, também não passa nada. O importante é respeitar o que teu corpo te diz e não o obrigar a nada. Porque por trás da cada "não posso com isto", há uma história que teu cérebro recorda melhor que tu.