Manuel Do Soto, diretor de Panaria: "O consumo de pan em nossos locais é residual"
Entrevistamos ao diretor de marketing da popular corrente de panaderías, que conta com mais de setenta locais repartidos entre Valencia, Madri e Canárias
Panaria nasceu nas Ilhas Canárias, daí a terminação de seu nome, como uma panadería tradicional. Mas de todo isso faz já três lustros, e agora a gente compra o pão nas gasolineras Repsol e nos supermercados.
Desde 2014, é uma das marcas do grupo Companhia do Trópico, e não tem parado de abrir locais em Valencia e Madri. Falamos com seu atual diretor de marketing, Manuel Do Soto.
--Panaria nasceu em 2010 em Canárias como uma panadería tradicional, mas desde então a marca tem evoluído muito. Como definiria a Panaria na actualidade?
--Panaria é uma panadería cafeteria contemporânea. Temos trabalhado para actualizar às tendências e necessidades do consumidor do 2025 e do que vem.
--Centrados no pão?
--Panaria sempre se caracterizou por ter uma forte presença de pan. Quando nasce, há uma panificadora muito forte detrás. E quando chega a Valencia e se expande também se centra no mundo do pão. Nos últimos anos, o consumo de pan neste tipo de coffee and bakery é residual.

--E como se têm reinventado?
--Tem sido necessária uma actualização com o mercado. À estratégia baseada em vender pan recém horneado há que ver como lhe podemos dar o valor acrescentado em diferentes momentos de consumo. Porque, para nós, o pão é uma estratégia transversal, e oferecemos o melhor pan nas tostadas do café da manhã, em bocadillos, numa boa tosta de calabaza, de sementes, de centeno, etcétera. Temos um surtido de bocadillería amplo e potente ao meio dia.

--Qual é vosso produto mais vendido?
--Sempre é o café. É o driver. O repto que temos no coffee and bakery é que nosso cliente acompanhe o café com algo. Ao café segue-lhe nosso croissant de mantequilla, e depois, na parte de salgado, as tostas, especialmente temos feito finca-pé nas tostas premium.
--Então, Panaria é mais uma panadería ou uma cafeteria?
--Não entender-se-ia uma sem a outra. Diferenciá-lo não seria fiel à marca. Ponho-te um exemplo. É uma conversa que temos tido internamente. Temos café e chá no porfolio, mas isto é cafeteria 100% e tentamos reconfigurar o que é uma cafeteria com brunch e propostas diversas. No caso de Panaria, não se pode separar a panadería da cafeteria. Vai unido.
--Panaria conta com 31 panaderías-cafeterias em Valencia, 30 em Madri e 9 nas Ilhas Canárias. Poderíamos dizer que é uma macropanadería?
--Fugimos muito dessa acepción porque, quando é algo macro parece que seja muito imposto, e nós somos um grupo que tentamos fazer as coisas de uma forma uniforme, mas também que a cada local, que a cada cidade, tenha sua adaptação local. É importante fazer parte do meio e adaptar-nos a ele.
--Quais são vossos planos de expansão a nível nacional? Planeais abrir Panaria em Barcelona, por exemplo?
--Temos capacidade de expansão e crescimento a nível nacional. Em Barcelona temos presença com quatro locais de Café&chá e três restaurantes, mas é um mercado muito maduro, ainda que não fechamos nenhuma praça.
--Quais seriam as diferenças entre Panaria e correntes de macropanaderías como Vivari ou 365?
--Temos tomado uma estratégia muito clara quanto ao que tem que nos fazer fortes como corrente. Basicamente, são três pilares. O pão é transversal e tem que estar presente com um produto de qualidade diferencial. Em segundo lugar, no ponto de venda é onde está a diferenciação, por isso trabalhamos muito desde a apresentação de nossa bollería até como elaboramos nossos produtos salgados ou como atendemos, isso nos diferencia do resto de competidores. E, por último, a linha que temos introduzido de brunch e healthy. Apostamos por novos produtos e momentos de consumo que no coffee and bakery só estão presentes em conceitos bem mais independentes.
--Com que marcas competis em Madri e Valencia?
--No caso de Valencia somos líderes na cidade, ainda que está bastante atomizado porque têm chegado muito forte Santagloria e Bombón Boss. E em Madri poderíamos acrescentar Maison Kayser a Santagloria. Sempre digo que nossa maior concorrência não são estas correntes, sina o supermercado.
--Repsol também vende uma quantidade ingente de pan…
--Sem dúvida. Repsol vende muitíssimas barras de pan, mas também a Mercadona lhe está a ir muito bem o Pronto para comer e isso está a afectar ao menu do dia. Ao final, temos que dar um ponto diferencial.
--Numa entrevista com Consumidor Global, o presidente da corrente Granier, Juan Pedro Conde, assegurou que "Vivari não é uma panadería". Coincide com esta afirmação?
--Como é uma panadería hoje em dia? Teria que o definir. Que te vai dizer Granier? Não vou entrar ao valorizar porque é muito subjetivo e depende do lugar desde onde te sentes ao ver.
--O nome de macropanadería é equivocado para estas correntes que vendem cafés e bocadillos?
--Bom, dantes tinha centos de despachos de pan em Barcelona, como O Molí Vell, e isso era mais macro que qualquer coisa que possa ter agora.
--A invasão deste modelo de cafeterias implicará a extinção das panaderías de toda a vida?
--Eu acho que não. São conceitos e momentos de consumo diferentes. Lugares como Vivari, por exemplo, é um conceito para tomar no ponto de venda. Ao final, em Espanha o consumo segue sendo muito de local. Acho que o diferencial de uma panadería artesanal vai seguir-se oferecendo. De facto, a cada vez abrem mais panaderías artesanas. Não acho que lhes afecte. Ademais, a concorrência sempre ajuda a melhorar.



