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Laborde Marcet: "É pouco provável que, em curto prazo, baixe o preço da moradia"

Consumidor Global fala com Carlos Baixo, 'managing diretor' da consultora imobiliária, sobre a situação e as tendências do mercado espanhol

Fotomontaje Laborde Marcet
Fotomontaje Laborde Marcet

A moradia é um dos temas que mais preocupa aos consumidores espanhóis. E é que o acesso a ela se converteu num dos principais reptos sociais e económicos dos últimos anos.

Além de uns preços ao alça, compra-a ou aluguer de um andar resulta a cada vez mais complicada devido à escassez de oferta, entre outros motivos. Consumidor Global tem entrevistado a Carlos Baixo, managing diretor de Laborde Marcet, uma consultora imobiliária, para analisar a situação atual do mercado em Espanha.

--Como descreveria a situação atual do mercado imobiliário em Espanha?

--O mercado imobiliário em Espanha segue sendo um sector sólido, ainda que está condicionado pela avaliação das taxas de juro, a inflação e a oferta limitada que vemos nas cidades. Em termos de investimento, segue tendo oportunidades interessantes, especialmente em ativos bem localizados e com demanda consolidada.

Un hombre pasa por delante de una inmobiliaria, donde se palpa la subida del precio del alquiler / EUROPA PRESS - EDUARDO PARRA
Um homem passa por adiante de uma imobiliária, onde se apalpa a subida do preço do aluguer / EUROPA PRESS - EDUARDO PARRA

--É um bom momento para investir?

--Sim, naturalmente. A chave sempre está em identificar oportunidades com alta rentabilidade em longo prazo e avaliar a cada operação em função do perfil do investidor.

--Que tendências estão a marcar o sector em 2025?

--Temos notado uma crescente demanda de ativos sustentáveis e eficientes energeticamente. Também todo o que tem que ver com a digitalização nos processos imobiliários, nos próprios ativos… e os locais comerciais. Se têm boas localizações estratégicas em eixos comerciais, sempre há uma demanda muito relevante.

--Que tipo de inmuebles oferecem actualmente melhor rentabilidade? Residenciais, comerciais, turísticos...?

--A rentabilidade depende do perfil de investimento. É verdadeiro que o sector logístico segue sendo muito atraente pela crescente demanda que vemos no comércio eletrónico, enquanto o turismo também segue impulsionando a rentabilidade no sector hoteleiro e em alugueres de férias. E pela parte do comercial, os locais comerciais bem localizados e aqueles que chamamos prime mantêm seu valor, ainda que com algumas diferenças entre cidades e tipologia de local comercial.

--Que factores finque deve analisar um consumidor dantes de comprar uma propriedade?

--Dantes de comprar, qualquer comprador deve analisar muito bem a localização, a rentabilidade potencial que tem esse ativo, a evolução do mercado na zona e a eficiência energética desse inmueble. Inclusive é fundamental estudar o marco regulamentar, os regulamentos urbanísticos para saber se estamos numa cidade mais restritiva ou não. Obviamente, é fundamental estar bem asesorado para tomar uma decisão.

--Actualmente, há um grande mal-estar geral pelo preço da moradia tanto para comprar como para alugar, acha que os preços baixarão ou seguirão subindo?

--O problema dos preços, a nosso parecer, se deve em grande parte à escassez de oferta que existe, sobretudo nas grandes cidades. Em curto prazo é pouco provável que os preços baixem de maneira significativa, ainda que podem chegar a se estabilizar em determinadas zonas se a oferta se ajusta a umas condições diferentes. A evolução dependerá em grande parte das políticas de moradia e da capacidade de aumentar esta oferta.

--Acha que bastaria com aumentar a oferta para solucionar o problema do preço?

--Aumentar a oferta é um factor finque mas não é a única solução. Também é necessário fomentar incentivos fiscais, reduzir a burocracia para mover a construção de moradia asequible, a fazer mais fácil para o investidor para que possa também participar, melhorar a segurança jurídica tanto de proprietários como de utentes finais. Sem essas medidas integrais o problema de acesso à moradia persistirá. Não é algo singelo e como lhe digo, são muitos factores os que temos que abordar de uma maneira integral.

Una persona registra un contrato de alquiler de un piso / FREEPIK - yanalya
Uma pessoa regista um contrato de aluguer de um andar / FREEPIK - yanalya

--Quais são os maiores riscos aos que se enfrenta uma pessoa que queira investir no sector imobiliário?

--Os principais riscos incluem sempre as mudanças, a volatilidade do mercado. Também as mudanças no regulamento, junto com essa dificuldade que pode ter esse consumidor em aceder ao financiamento. Por tanto, todo o relativo a como vai mudando o Euribor e como têm mudado as taxas de juro, pois te afecta à hora de poder comprar.

--Como se podem mitigar estes riscos?

--É essencial ter uma análise exhaustivo do investimento, diversificar ativos, contar com um assessoramento especializado e manter uma estratégia mais a meio e longo prazo.

--A que se refere com diversificar os ativos?

--Falo em termos da posição de um investidor. Isto é, se tens a capacidade de investir, porque tens uma série de dinheiro que queres destinar ao sector imobiliário, pois seguramente diversificar em diferentes tipologias de ativos também te permite criar uma carteira mais diversificada e com um risco mais atenuado.

Un cartel indica que se alquila una vivienda / EUROPA PRESS
Um cartaz indica que se aluga uma moradia / EUROPA PRESS

--Na actualidade, acha que é possível encontrar moradia para comprar ou alugar com boa relação qualidade-aprecio?

--Nas grandes cidades é cada vez mais difícil, mas em áreas emergentes ou em municípios que estejam bem ligados a uma grande cidade sim que se podem encontrar oportunidades. Mas tudo depende dessa flexibilidade que possa ter o comprador quanto a localização e características do inmueble.

--Que zonas ou cidades considera que têm uma maior capacidade de revalorização nos próximos anos?

--As cidades mais importantes de Espanha como Barcelona, Madri, Málaga ou Valencia pois seguem sendo mercados com um grande potencial em revalorização, além de certas zonas após Baleares ou a Costa do Sol. No outro extremo estão algumas cidades com uma grande dependência do turismo estacional ou com problemas de despoblación que podem experimentar menor crescimento no valor de seus inmuebles.

--Como vê o futuro dos investimentos imobiliários em Espanha? Que mudanças poderiam impactar mais no sector?

--O sector imobiliário em Espanha vai seguir sendo um destino atraente para investidores nacionais e internacionais conquanto sempre temos que estar condicionado por factores como as próprias regulações, o marco normativo, o relativo à evolução das taxas de juro, se sobem ou se baixam… Terá que estar a vigiar todas estas políticas, além da evolução da inflação e o crescimento de Espanha.